Auditoria de Inteligência aplicada a um Serviço de Informação sobre Medicamentos
Em foco o comportamento informacional de usuários
DOI:
https://doi.org/10.5195/biblios.2023.1097Palavras-chave:
Comportamento informacional, serviços de informação sobre medicamentos, auditoria da informação, gestão da informação e do conhecimentoResumo
Objetivo. Esta pesquisa teve como objetivo analisar o comportamento de busca e uso de informações pelos profissionais de saúde, dada a importância da oferta de serviços que apoiem práticas específicas de uso de medicamentos no ambiente hospitalar.
Método. O estudo de natureza descritiva e abordagem quantitativa foi desenvolvido como parte da avaliação de um serviço de informação sobre medicamentos inserido em um hospital universitário público brasileiro. A avaliação foi norteada pelo método de auditoria de inteligência associado ao modelo de busca de informação por profissionais, considerando a relação do serviço auditado com os usuários. Os dados foram coletados mediante a aplicação de um questionário eletrônico elaborado com ênfase nos fatores que moldam a necessidade, busca e uso de informação por profissionais de saúde (enfermeiros, farmacêuticos e médicos), além de avaliar a percepção destes sobre o serviço de informação sobre medicamentos inserido na instituição. 119 profissionais de saúde participaram do estudo. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva.
Resultados. O perfil identificado foi, predominante, de profissionais técnicos de nível superior (68,1%), que atuam na instituição há ≤ 5 anos (73%) e dedicam ≥ 60% do tempo às atividades assistenciais. O grau de risco envolvido foi apontado como um fator extremamente influente nas situações em que surge a necessidade de informação sobre medicamentos (63,9%). As características das fontes consideradas mais influentes foram confiabilidade (94%) e atualização (87,4%). Na busca por informação, a fonte eletrônica foi mais utilizada (89,1%), sendo as bases de dados científicas da área médica consideradas muito úteis. A maioria dos respondentes (57,1%) indicaram não conhecer o serviço, mas afirmaram ter esse interesse. Entre os que já conheciam, 52,9% ficaram muito satisfeitos com o serviço prestado. A divulgação ampla dos serviços foi a medida a ser adotada mais indicada pelos participantes (84,9%).
Conclusões. A partir desse estudo foi possível traçar um perfil dos profissionais de saúde e de seu comportamento de busca e uso da informação sobre medicamentos. Pode-se destacar a maior utilização das fontes de informação digitais, como as bases de dados científicas da área da saúde, consideradas as mais úteis. As características próprias dessas fontes sugerem que os profissionais de saúde necessitam de informações confiáveis e atualizadas, obtidas de forma rápida e eficiente para suas ações e decisões laborais. A avaliação permitiu, ainda, orientar a melhoria dos serviços ofertados.
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